Quarta-feira, 28 de janeiro de 2009


 

 
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Estudo com 20 mil pessoas identifica o melhor fator de risco lipídico para infarto do miocárdio


A razão entre as concentrações de duas apolipoproteínas permite uma melhor estimativa do risco de infarto agudo do miocárdio – superior à dos indicadores lipídicos convencionais – em todos os grandes grupos étnicos, em ambos os sexos e em todas as faixas etárias, conclui um grande estudo caso-controle publicado na última edição do Lancet.

O estudo INTERHEART envolveu mais de 9.000 pacientes (casos) e 12 mil controles em 262 centros de 52 países, inclusive o Brasil. Os pacientes foram recrutados ao apresentar um primeiro episódio de infarto agudo do miocárdio. Exames de sangue, sem jejum, foram obtidos dos pacientes e controles.

A razão entre a apolipoproteína B e a apolipoproteína A1 representou 54% do risco de infarto agudo do miocárdio (risco atribuível populacional de 54%; o valor representa a incidência de infarto que seria eliminada se a exposição ao risco fosse eliminada).

Como comparação, o risco atribuível à razão LDL-colesterol/HDL-colesterol foi de 37%, enquanto o risco atribuível ao colesterol total/HDL-colesterol foi de 32%.

“Esses resultados foram consistentes em todos os grupos étnicos, homens e mulheres, em todas as idades”, escreve o primeiro autor do artigo, Matthew McQueen, da Universidade de Ottawa, no Canadá. Ele conclui que a razão apolipoproteína B/A1, obtida sem jejum, “deve ser implementada na prática clínica em todo o mundo para avaliar o risco de doença cardiovascular”.

Na mesma edição, Lars Lind, do University Hospital em Uppsala, na Suécia, observa que dados prospectivos ainda são necessários e que a adoção da razão apolipoproteína B/A1 mundialmente será uma tarefa que exigirá muitos recursos. No entanto, ele conclui, que “é uma tarefa viável [...] As apolipoproteínas podem ser medidas de maneira padronizada e automática a um custo similar ao dos testes lipídicos convencionais, e ainda por cima sem a necessidade de jejum”, escreve.

McQueen MJ, Hawken S, Wang X et al. Lipids, lipoproteins, and apolipoproteins as risk markers of myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study). Lancet 2008;372:224-33.